VEJA AS IMAGENS DA BAIXADA FLUMINENSE.

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PROJETO NÃO PICHE. PINTE! VAI DAR AULA DE HISTÓRIA PARA 300 MIL PESSOAS

Se Maomé não vai a Montanha... Pensando nas dificuldades em levar as pessoas até os monumentos históricos da Baixada Fluminense, o Projeto Não Piche.Pinte!, encontrou um jeito de facilitar as coisas: vai juntar parte do patrimônio e colocar num único lugar.

Até o final dessa semana o patrimônio histórico da região estará ao alcance da vista de todos. Trata-se do encerramento do projeto que além de uma aula de história e preservação, convida para um passeio turístico através do tempo.

Seguindo a mesma idéia das pichações onde rabiscos são espalhados, os alunos do Instituto de Educação Rangel Pestana,orientados pelo artista plástico Ailton José, vão distribuir pelos muros da escola, na Rua Venina Correia Torres, no centro nervoso de Nova Iguaçu, desenhos dos principais monumentos históricos da região. Uma linha do tempo, com importantes acontecimentos, será traçada para que a história da Baixada possa, enfim, se popularizar.

“No primeiro painel, pintado em maio, mostramos que o presente está apagando o passado. Agora, neste novo mural, apresentamos uma visão mais otimista com as crianças, ou seja, o futuro, reconstruindo o passado com as próprias mãos. Enfim elas deixarão suas digitais num alegre ato de preservação ao traçar a linha do tempo”, conta o entusiasmado Ailton José, que também é professor de História e contou ainda que o grande destaque da participação infantil são as crianças e adolescentes portadores de necessidades especiais.

Trocando o giz pelo pincel, o artista-professor está transformando o muro do IERP num imenso quadro, preparado para uma grande aula ao ar livre, no centro nervoso de Nova Iguaçu, onde trafegam cerca de 300 mil pessoas. A idéia de transformar muro e rua em sala de aula surgiu numa reunião do artista com sua assessora de comunicação, Jeania Maria. “Estávamos conversando sobre o abandono do patrimônio histórico da Baixada, em meio a um brainstorm sobre a pintura coletiva quando num clic tivemos a idéia”, conta a jornalista Jeania Maria.

Mais interessante ainda é que nessa tarefa ele conseguiu envolver inquietos adolescentes que só tem olhos para o futuro e em meio o maior evento esportivo do planeta. Ailton trocou os jogos por tintas e pincéis junto com o ator Carlos Antonio dos Santos que dá seus primeiros passos nas artes plásticas. Entre oficina, palestra e exposição o projeto atingiu, diretamente, cerca de 300 alunos em uma escola que tem mais de três mil alunos. A expectativa com a pintura coletiva é dobrar a participação. Enfim, tudo pela arte que, mais uma vez, prova o quanto pode ajudar a tornar mais animadas as aulas no dia a dia. E como ninguém é de ferro, o trem do tempo vai dar uma paradinha nos anos 70, para lembrar o “dream team” do tricampeonato da nossa seleção canarinho e último jogo do Rei Pelé numa copa do mundo. Afinal, até no futebol, é preciso fazer arte, sempre.

HISTÓRIA CORROÍDA PELO ABANDONO

Mas nem tudo é otimismo na pintura de Ailton José. Através da torre sineira da Igreja de N.Sra. da Piedade da Vila de Iguaçu o artista vai mostrar o abandono do patrimônio histórico da Baixada. “Na linha do tempo, simbolizada pelos trilhos do trem que será traçado pelas mãos das crianças, a Igreja vai aparecer na Vila de Iguaçu inteira e no final apenas o que restou dela nesses 300 anos”, critica Ailton José. Segundo ele é um absurdo abandonar um patrimônio que tem quase a idade do país. “Uma página da história do Brasil está na Baixada como foi muito bem divulgado pelo Projeto a Baixada é Linda na festa dos 500 anos do Brasil”, reclama o também professor Ailton José mencionando o projeto coordenado pela jornalista Jeania Maria.